01/02/2011

    Maria Sharapova é provavelmente a maior vedeta do ténis mundial. Contratos milionários, uma enorme legião de fâs, presença assídua nas revistas e televisões mundiais, no entanto, a sua fama tem um propósito, o seu ténis!
  Este estava-lhe no sangue desde pequena, e para prosseguir o seu sonho, Maria e os seus pais realizaram inúmeros sacrifícios, mas a jovem tenista só provou que tudo aquilo que arriscaram e abdicaram valeu a pena, conquistando o cobiçado torneio de Wimbledon em Julho de 2004 com apenas 17 anos.  As vitórias que alcançara desportivamente aliadas à sua beleza e carisma fizeram da jovem Russa radicada nos EUA desde os 7 anos, uma autêntica celebridade, adorada e reconhecida nos 4 cantos do globo.
  O seu sucesso dentro do court continuou, e em 4 anos a musa do ténis manteve o seu nome bem presente no topo.
  Mas infelizmente em 2008 o sucesso da Russa no mundo do ténis foi travado por uma grave lesão no seu ombro direito, obrigando-a a recorrer a uma intervenção cirúrgica e a permanecer afastada dos courts por cerca de 10 meses.
  Agora, com 23 anos e no inicio de uma nova  temporada e fase na sua vida pessoal, a beldade Russa ficou recentemente noiva de Sasha Vujacic,  Maria Sharapova tenta alcançar novamente o topo, e para isso, tomou a difícil decisão de afastar temporariamente o grande amigo e também treinador nos últimos 6 anos e meio, Michael Joyce, trazendo para a sua entourage, Thomas  Hogstedt.
  Michael Joyce é o fiel amigo de Maria, aquele que a conhece verdadeiramente. A sua relação profissional pode-se encontrar em “stand by” mas não a sua amizade. Os dois são como família e partilham sorrisos, choros, alegrias e problemas, factos esses que são demonstrados através da grande entrevista que Michael Joyce nos concedeu.
  Michael mostrou-nos o que está por trás da campeã Russa, da Maria Sharapova conhecida pelos fâs, media e até mesmo pelos colegas de profissão, a verdadeira Maria Sharapova.


·         SP: Fale-nos um pouco de si, sabemos que foi nº 64 do ranking mundial, como surgiu o gosto pelo ténis?
       MJ: Eu joguei profissionalmente durante 13 anos, cresci a ser treinado pelo Robert Lansdorp.
Depois de ter a minha 1ª cirurgia, quando tinha 27 anos comecei a treinar algumas pessoas nos meus tempos livres e gostei imenso.

·         SP: Como conheceu a Maria?
       MJ: Quando a Maria tinha 9 anos, ela juntava-se com o Lansdorp algumas vezes por ano, e então eu batia umas bolas com ela, como se fosse um pequeno favor que eu fazia ao Robert.
  Eu gostei muito da Maria e do pai dela, ela era muito dedicada e eu sabia que, possivelmente, ela ia ser muito boa, por isso eu fui seguindo o seu progresso durante o tempo de Juniores.
Quando eu me retirei do circuito, tinha mais ou menos 30 anos e antes da Maria ganhar Wimbledon eles perguntaram-me se eu podia viajar com ela e com o pai, mas eu não quis porque a minha mãe estava muito doente e eu preferi ficar em casa durante uns tempos.
Alguns meses depois dela ganhar Wimbledon, a minha mãe ficou melhor e fui questionado uma vez mais se queria trabalhar com eles.  Foi aí que aceitei e comecei a trabalhar com a Maria em Outubro de 2004. Eu pensava que aquilo ia ser apenas por uns meses, mas depois ela ganhou o WTA Championships e nós os dois achámos que eu era um bom treinador para ela, e passei a trabalhar com ela o tempo todo. Agora já passaram seis meses e meio.

·         SP: Conhece a Maria desde que ela tinha apenas 9 anos, podemos presumir então que são como família, descreva a sua relação com Maria.
        MJ: A minha relação com a Maria é bastante próxima, eu adoro-a, e ela para mim é como família.
          Nunca vou esquecer o apoio que ela me deu quando passei por tudo com a minha mãe.
          Às vezes posso levá-la ao limite mas ela sabe sempre que quero o melhor para ela.
          Juntos passámos por inúmeras coisas boas, e algumas difíceis também, como a sua cirurgia, e eu quis-me certificar   que ela teria todo o meu apoio, acompanhei toda a sua reabilitação, estive sempre ao lado dela, e eu sabia que ela necessitava de mim porque quando estás no topo tens muitos amigos e pessoas que te adoram mas precisas realmente de alguém quando as coisas começam a ficar difíceis e ela encarou tudo como a verdadeira campeã que é.
     A lesão que ela teve foi muito grave, e é muito difícil regressar após uma lesão como aquela. A maior parte das pessoas nem têm noção do quanto é que ela teve que trabalhar só para poder voltar a jogar novamente.
    A sua determinação e o seu foco em voltar foi mais impressionante para mim do que ter ganho qualquer torneio, teria sido muito mais fácil para ela desistir e virar as costas, porque já tem dinheiro e fama suficiente.

·         SP:  A Maria atingiu muito sucesso bastante cedo, o que é que acha que teve na base deste fenómeno?
       MJ: Eu acho que o sucesso que ela teve tão cedo, foi um pouco inesperado para toda a gente e até mesmo para ela, mas a vida é cheia de surpresas.
Ela colocou a fasquia num nível muito alto quando ainda era bastante nova, mas também provou que mereceu ganhar três Grand Slams.
Claro que a vida dela mudou, mas ela não mudou como pessoa, e isso é a coisa mais importante.


·         SP:   Todo o mundo sabe que a Maria é um autêntico fenómeno em termos de marketing, está sempre nas bocas do mundo e é uma autêntica celebridade. O que é que a Maria tem que a torna tão apetecível pelos media e pelas marcas mundiais?
        MJ:   Eu penso que é mais do que o seu aspecto físico.
Ela entrega-se ao ténis de corpo e alma, e dá tudo o que tem no court e as pessoas são atraídas por isso.
  Logo, tens uma rapariga atraente e que se entrega a um desporto de corpo e alma o que cria uma boa combinação.

·         SP:   Agora numa parte mais relacionada com a sua relação profissional com a Maria, como se sentiu ao atingir junto dela todos os feitos que ela conseguiu?
       MJ:   Tive a honra de estar presente em tudo o que ela realizou. Nós trabalhámos muito juntos e para mim foi bom saber que fiz parte do seu sucesso.
  Não há dúvida que um treinador pode ajudar-te e motivar-te mas o jogador é quem tem de ir para o court e jogar. Eu podia treinar muitas pessoas da mesma forma e eles nunca iriam ter os resultados que ela teve.
  É preciso ser-se uma pessoa muito especial para alcançar aquilo que ela alcançou e eu tive sorte por fazer parte disso.

·         SP:   Sabemos que a vossa relação treinador/atleta terminou temporariamente, o que se passou ao certo?
       MJ:  Basicamente nós decidimos que era melhor para ela treinar com outro treinador, porque passados tantos anos uma mudança pode ser boa.
  É sempre difícil para uma jogadora ter dois treinadores, quer eu quer o Thomas somos líderes e achei que o mais correcto era afastar-me por uns tempos porque de outra maneira ela não poderia aproveitar totalmente o que o Thomas tem para lhe oferecer e por agora ela quer experimentar isso.

·         SP:   Então mas como fãs podemos esperar que o Michael e a Maria voltem a trabalhar juntos, visto que foi temporário?
       MJ:   Eu acho que há uma grande probabilidade de nós trabalharmos juntos outra vez.
Não tenho planos de trabalhar com mais nenhum jogador. Tenho estado no circuito quase há 20 anos e agora vou aproveitar um tempo de folga. Talvez trabalhar com alguns juniores promissores e desfrutar o meu tempo em casa.


·         SP:   E em relação ao Thomas? Do que espera deste relacionamento?
       MJ:  O Thomas é um grande motivador, trabalha muito e o mais importante é que acredita na Maria.
Só o tempo irá dizer se ele a poderá ajudar ou não.

·         SP:   Qual é a tenista ou o tenista que a Maria mais admira? Quando ela era pequena quem seguia mais?
       MJ:  Penso que a Maria admirava muito a Monica Seles mas ela não gostava muito de ver ténis.
Eu sei que ela respeita imenso o Federer e o Nadal, a ética de trabalho deles, e o quão bons eles são.

·         SP:   Muita gente considera a Maria arrogante, até mesmo convencida, isto é verdade?
           MJ:   Ela arrogante não é de certeza!
  É difícil para ela porque quase toda a gente quer algo dela.
Até mesmo quando fãs vêem-na a comer e vão pedir um autógrafo ou fotografia, ela compreende o lado deles, e é sempre muito educada e simpática e irá assinar os autógrafos necessários mas se passar os dias a fazer isso não é justo para ela porque impede-a de aproveitar verdadeiramente a sua vida. E o tour feminino é muito duro, muitas raparigas têm inveja e ciúmes e é difícil fazer amigos.
  Mas ela tem um coração enorme, ama a família e os amigos mais próximos e é muito divertida, é óptimo estar com ela, divertimo-nos sempre muito, já tenho saudades dela.

·         SP:   Como é a Maria nos treinos? Muito perfeccionista?
          MJ:  Ela é definitivamente perfeccionista mas acho que todos os bons jogadores o são. Ela quer sempre melhorar. Às vezes ela fica um pouco frustrada mas é normal , acontece com toda a gente. Quando ela está no court ela põe tudo o que tem no seu jogo.

·         SP:   O que é que para si está na origem da Maria ser uma jogadora tão forte mentalmente?
MJ:  Eu penso que ela é forte mentalmente desde muito jovem, penso que se nasce com isso.
Podes investir nisso e melhorar mas a minha experiência diz-me que tu podes desde jovem afirmar-te como uma pessoa forte mentalmente.
 
·         SP:  A vida pessoal da Maria mudou muito ultimamente, ela ficou noiva, muita gente diz que ela está diferente e que não e tão forte mentalmente como antes, acha que a Maria continua da mesma maneira focada no ténis?
       MJ:   A vida pessoal da Maria corre lindamente, o Sasha trata-a como uma princesa, que é o que ela merece e por isso fico feliz.
  É normal perder-se um bocado da motivação no início quando estamos apaixonados, mas eu acho que ela agora está muito determinada e o período de “lua-de-mel” acabou.
  Ela esteve muito focada e treinou muito na off season e até teve bons resultados o ano passado.
  Eu claramente acho que quando a tua vida fora de court te corre bem, e estás feliz, isso só te vai ajudar no court, só tens que encontrar o equilíbrio certo e acho que ela está a trabalhar nisso.

·         SP: Bons resultados? 
      MJ: Sim, claro que a Maria não ficará satisfeita enquanto não voltar a conquistar Slams e ser nº 1 mundial. E ela quer ganhar todos os torneios em que entra e é por isso que é uma campeã.
  No entanto, não jogou assim tantos torneios como gostaria devido à lesão no cotovelo que teve e que a afectou claramente no ranking, contudo, foi à final de 5 torneios e ganhou 2.  Ela não é de arranjar desculpas e simplesmente admite as derrotas.
  Ela quer muito voltar ao topo e penso que a única coisa que ela precisa é de uma boa vitória que lhe traga a confiança necessária para a colocar na rota de um Slam, e acredito que irá acontecer brevemente.

A nós, só nos resta dizer, MUITO OBRIGADA MICHAEL E FELIZ ANIVERSÁRIO!